John Deacon, o Figurante

Inglaterra, anos 70.

Três pessoas se encontravam tentando formar uma banda, passando por todas as dificuldades possíveis. Faltava dinheiro, faltava estrutura, faltava absolutamente tudo. Faltava até membro. Até então, só havia uma sobra de um grupo universitário chamado Smile. O antigo vocalista, Tim Staffell, tinha dado lugar a um africano, refugiado na Inglaterra devido às guerras em Zanzibar, chamado Faroukh Bulsara. Entre os amigos, era simplesmente chamado de Freddie. Os outros dois membros eram Brian May e Roger Taylor, respectivamente o guitarrista e o baterista.

Havia um espaço sobrando na banda. O Smile tinha se virado sem problemas, uma vez que Tim era não só o vocalista como também era o baixista. Com a saída dele e a conseqüente dissolução do grupo, agora os três jovens britânicos procuravam um novo baixista, para completarem uma nova banda.

O definitivo era um rapaz tímido. John Richard Deacon, que viria a se tornar o 4º membro de um dos maiores grupos de rock de todos os tempos, senão o melhor. No entanto, engana-se quem pensa que eu chamo John Deacon de 4º integrante de propósito. Mais ainda que eu sou o único.

Você pode perguntar para qualquer fã do Queen: quem são os membros da sua banda?

Eles responderão: “Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e... John Deacon”. Na maioria das vezes, sim, eles vão hesitar para lembrar o nome do baixista. Mas por quê?

Primeiro de tudo: John entrou em uma posição pouco lembrada. Quase ninguém sabe da existência do baixo. Menor ainda é o número de pessoas que sabe diferenciar um baixo de uma guitarra. Por experiência própria: desde o ano passado eu tenho vontade de aprender a tocar baixo. Quando minha família ficou sabendo disso, todos me vieram falar:

“Escolha o violão ao invés do baixo... Com o baixo eles nunca vão notar você, no violão você pode levar pra tocar em qualquer lugar...”

O que não deixa de ser verdade... diferente da guitarra e do violão, você consegue perceber o baixo com muita dificuldade (em The Millionaire Waltz, por exemplo, só uma das caixas de som transmite o som do instrumento).

Mas peguemos o exemplo do The Police... O Sting toca baixo e é o principal membro, por quê não John Deacon?
Sting canta... John Deacon não teve essa liberdade. Minto, teve sim. Em dois versos de A Kind of Magic, em que sua voz se assemelha muito com a de Freddie.

Outro problema de John Deacon: ele praticamente não compunha. Suas composições se limitam a Who Needs You, Misfire, You and I, I Want to Break Free, Another One Bites The Dust, Spread Your Wings… Enfim, é o que menos participa nas composições.

Nos shows, percebe-se nitidamente que não só as câmeras como o próprio Freddie dão mais atenção a Brian e Roger... John aparece uma vez ali, outra ali... Nada excepcional.
No entanto, façamos uma pesquisa...

Na comunidade Baixo Brasil (orkut), se pesquisarmos “John Deacon”, encontramos 26 tópicos diferentes. Entre eles, tópicos exclusivos e várias menções em “qual o seu baixista preferido”, “qual o baixista que mais de influenciou”, “qual o maior baixista de todos os tempos” e etc.
Pois é... Apesar de quieto, John Deacon tinha uma genialidade incrível. Apesar de ser pouco comentado, pouco notado, deixava sua marca em todas as músicas. Simplesmente incrível.
Ainda digo mais, apesar de esquecido muitas vezes, ele é superior ao Sting e do patamar de grandes baixistas, tais como Paul McCartney...

Faltava-lhe a participação, mas ele tinha talento em excesso, um estilo próprio...

Agora, eu deixo perguntas pra vocês com as minhas respostas, elas podem variar =P


Se John Deacon tivesse permanecido no Queen mesmo após a morte de Freddie, o que teria acontecido?
É difícil dizer. Eu acredito que o grupo estaria mais unido do que já é, uma vez que a amizade entre Roger, Brian e John seja de anos... E não duvido que isso ainda vá acontecer, afinal, um aposentado sempre sentirá falta do seu emprego...

Se John Deacon tivesse sido mais ativo, mais participativo na composição de músicas e talvez até na hora de cantá-las... Ele seria considerado um baixista melhor?
Melhor? Eu não acho. Mais completo, certamente ele seria... Ainda mais se ele tivesse mais presença nos palcos, seria cada vez mais lembrado.


God Save The Queen!