Os Queens Falam - PARTE 2



Brian May - 1976, e suas ternas lembranças sobre o show em Hyde Park: O show do Hyde Park foi altíssimo astral. O momento, a tradição do Hyde Park, você sabe ... Fui ver o primeiro com Pink Floyd e Jethro Tull - o ambiente era maravilhoso e a sensação de que era grátis contribuía para o astral. Nos pareceu que seria interessante reviver este clima mas a luta foi corpo a corpo. Havia tantos problemas! Conseguir o lugar foi um sacrifício, ainda mais à noite. Tivemos que ceder em várias coisas e, no final, como o horário ultrapassava em meia hora, isto nos impediu de fazer um bis.


Brian May - em 1977, sobre a relação de Queen com a imprensa britânica: Fomos totalmente ignorados, escorraçados e duramente criticados por todos durante muito tempo. De certa forma foi bom para nós. Não houve abuso que não nos fizeram. Foi somente à época de "Heart Attack" que as coisas começaram a mudar. Eu, como todo artista, me sinto muito afetado pela crítica. Não importa até onde você tem potencial para chegar, se alguém lhe diz que você é ruim, machuca. Mas isto tudo era só em relação a imprensa pois, no mais, tudo continuava firmemente. "Queen I" vendeu muito bem por um bom período e coincidiu com o estouro de nossos shows. Nós tínhamos amadurecido como grupo e já tínhamos um grande público antes que a imprensa abrisse para nós. Eu acho que isto nos deu um melhor começo pois, assim, estávamos melhor preparados. Muita gente toma a decisão de encarar a música seriamente muito mais cedo do que nós. Demoramos até ter um público mas estávamos sempre tocando coisas interessantes. Eu poderia mostrar fitas do Smile que tem a mesma estrutura geral do que fazemos hoje. Vou dizer uma coisa sobre o punk rock no momento: está criando uma tendência que acho muito saudável para os grupos. Contudo, pode ser que as pessoas sejam, de certa forma, jogadas à ribalta muito cedo e se sintam tentadas a privilegiar a imagem em detrimento da música mas, se sobreviverem, certamente algo tem para mostrar. "Thin Lizzy" como banda de apoio é um verdadeiro desafio. Eles vão querer nos superar e isto é muito saudável. Você se alimenta da energia dos outros e eu sei que se o show for muito bom então nós nos sentiremos ótimos. É isto que faz um bom show. Nós tínhamos tido uma experiência contrária com o Mott The Hoople. Acho que deve ter sido difícil para eles nas nossas turnês da Inglaterra e América.


Freddie Mercury sobre os 25 anos do reinado de Elizabeth II - em 1977: O jubileu é o máximo, não é mesmo? Eu amo o Queen. Sou super patriota, e amo toda a pompa. O Queen faz coisas incríveis! (Aqui Freddie usa a palavra Queen com duplo sentido).


Roger Taylor : Estávamos gravando um disco na porta ao lado dos The Sex Pistols. Um dia, Sid Vicious entra e grita a Freddie: "E aí Freddie, estás trazendo ballet às massas, então?" Freddie apenas se virou e disse: "Ah Sr. Feroz, é verdade, estamos fazendo o melhor que podemos!".


Freddie Mercury : Gosto de pensar que chegamos lá através do rock & roll, ou chame do que quiser, e não há mais barreiras; está tudo aberto. Principalmente quando todo mundo está colocando seus sentimentos para fora querendo se infiltrar em novos territórios. É o que venho tentando fazer há anos. Ninguém até hoje incorporou ballet, por exemplo, e sei que soa ultrajante e extremo agora mas estou seguro de que virá o dia em que se tornará lugar-comum. O termo rock & roll é só um rótulo que se utiliza para começar. Gosto de achar que é uma grande porta aberta. A gente apenas continua fazendo o que pode em todas as áreas. Os rótulos são confusos, não me dou bem com eles. As pessoas querem arte. Elas querem showbiz. Elas querem vê-lo sair em sua limousine. Se tudo que se escreveu sobre mim fosse verdade, eu já teria me suicidado há tempo. Nós nos manteremos firmes e, se valemos alguma coisa, sobreviveremos.


Brian May em 1978, sobre o vídeo de Bicycle Race:
Nós perdemos um pouco de nosso público. "Como pode ser? Não combina com o lado espiritual". A minha resposta é que o lado físico é tão parte de uma pessoa quanto é o lado espiritual ou intelectual. É divertido. Não vou me desculpar. Toda a música tem a ver com sexo, algumas vezes diretamente. Não a nossa. Na nossa música, o sexo é implícito ou referido como brincadeira, mas está sempre lá.












Freddie Mercury : Compus "Crazy Little Thing Called Love" no banheiro. Uma vez arrastei um piano para o lado de minha cama. Sou conhecido por rascunhar letras no meio da noite, na escuridão.

Brian May , sobre Crazy Little Thing Called Love : Nós não somos um grupo de discos, e não temos sido. Mas, creio que eles funcionam muito bem para atrair público jovem aos nossos shows.

Roger Taylor : "Crazy Little Thing Called Love" não é exatamente rockabilly, mas tinha aquela coisa do Elvis lá do início, e foi o primeiro disco a explorar isso. Li em algum lugar - acho que em Rolling Stone - que John Lennon quando ouviu a música sentiu o ímpeto de gravar novamente. Se é verdade - e ouvindo o último disco se pode perceber influências similares - é maravilhoso.


Brian May, sobre a turnê britânica: Achamos importante estar em contato com este público novamente. A menos que eles possam vê-lo nas suas cidades, pode parecer que você nem existe. Também foi um alívio para nós, tendo já percorrido os grandes celeiros, estar onde as pessoas podem vê-lo e ouvi-lo de perto. A vantagem do que fazemos agora, com som e luzes e melhores do que nunca, é que encantamos com o espetáculo. A única desvantagem pode ser de que nem todas as pessoas conseguem nos ver - mas eu penso naqueles que conseguem e imagino que divertido deve ser. A satisfação é muito mais imediata e gratificante. Em lugares maiores e tendência é que ser perca a intimidade; mas, por outro lado, se ganha outra coisa. O sentimento é de um acontecimento, quanto mais pessoas, maior a tensão se torna e, como conseqüência, mais o grupo se aplica principalmente para atingir os que estão atrás. Duvido que possamos voltar a dar shows grandes na Inglaterra pois, de fato, não há muitos lugares grandes que sejam bons. Bingley foi legal, mas é sujo e nojento para quem vem para ver. O NEC em Birmingham também e, definitivamente, muito grande. É bom ir a esses lugares e ver como são, mas, infelizmente para muitos, não gostaríamos de voltar. Eu não gostaria de ir a Earl's Court novamente, nem a Wembley, e é possível que depois de Alexandra Palace não voltemos para lá. Mas vale tentar ... estamos experimentando algumas coisas especiais no Ally Pally. Gostaríamos de fazer um concerto enorme em Londres para carregar todos os que ainda não tiveram oportunidade de ver-nos. Detestamos a exclusividade artificial. Odiaria chegar ao ponto onde pessoas que realmente querem nos ver e não podem fazer fila, fiquem sem nos ver mesmo.

Brian May , sobre a relação ambivalente de Queen com a imprensa musical britânica, depois de quase uma década: Há muitos pequenos detalhes na relação entre um músico e a imprensa, o que quer dizer - inevitavelmente - que você está fora. Mas, como conosco aconteceu muito cedo, talvez a regra não se aplique. Em geral, eu podia fazer a crítica a nossos discos - os bons e os maus ... É uma visão bem limitada do que acontece, tão logo alguma coisa estoura, ela não pode valer qualquer coisa ... Eu achei, de fato, no início, que era importante manter um canal de comunicação aberto, falar com todo mundo. Afinal, depois de tantas experiências, você descobre que não acontece. Se o cara já disse que detesta você e que não vê nada em você que valha a pena, então nove em cada dez vezes que você tenta convencê-lo do contrário ele escreve o que pensa e pronto! ... A gente tem mesmo a fama de não querer falar com as pessoas, o que não é verdade na maior parte dos casos. Se temos tempo, sempre falamos. Mas se alguém o escorraça de maneira injusta, você não vai querer falar com esta pessoa novamente!.


Brian May, sobre o crescimento da estatura da banda: É óbvio que você está crescendo quando você toca em Madison Square Garden uma vez, depois duas e então três. Você está atingindo mais e mais pessoas, e é um sinal de que as pessoas que o viram pela primeira vez gostaram e agora trouxeram os amigos. É sempre um sentimento maravilhoso. Não quer dizer que, de alguma forma, você não tem consciência, de que não é um objetivo artificial ser maior e que isto não é um fim em si mesmo, não é tudo. Freqüentemente, quando você vende mais discos, isto não quer dizer que a qualidade é melhor.

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