Os Queens Falam - PARTE 3



Freddie Mercury , em 1981, sobre as tours sul-americanas: Nós estávamos muito nervosos. Não tínhamos o direito de ter qualquer expectativa em território estrangeiro. Eu acho que eles jamais tinham visto um show tão ambicioso , com toda aquela iluminação e efeitos.


Brian May: Fazia tanto tempo que não sentíamos tanto calor de um público novo, embora pouco enxergávamos de tanta gente que havia. É bom relembrar agora, foi como se nossa ambição se concretizasse novamente.


Roger Taylor : De certa forma fiquei surpreso pois não fomos muito criticados por visitar a América do Sul. Eu não achava que estávamos sendo usados como instrumentos pelos regimes políticos mas, obviamente, você tem que colaborar com eles. Tocávamos para o povo, e não fomos até lá com os olhos vendados. Nós sabíamos perfeitamente qual era a situação nestes países e, por momentos, fizemos milhares de pessoas felizes. Com certeza, isto serve para alguma coisa, não é mesmo? Nós não tocamos para o governo, tocamos para o povo. De fato, fomos convidados a conhecer o presidente Viola e recusamos. Não queríamos pois fomos tocar rock para o povo, exclusivamente. Não me importaria de tocar na Rússia em dado momento. Mas lá você tem que ser rigorosamente aprovado pelo governo. As autoridades gostam de Cliff Richard e Elton John, mas o Queen é ainda considerado muito extravagante.


Roger Taylor, sobre seu primeiro LP solo: Depois de bolá-lo fiquei tão exausto mentalmente que não pude fazer a seleção. Tinha coisas que eu queria fazer que não faziam parte do formato Queen; de certa forma é tirar de cima e até que você não faz, você não se sente satisfeito. Se eu tiver mais idéias para temas é possível que eu faça outro solo, mas o Queen, claro, tem prioridade. O título "Fun In Space" não quer dizer que o disco deva ser considerado rebento de "Flash Gordon" mas é, de muitas formas, nostálgico, trazendo de volta os velhos dias quando a vida era um pouco mais incerta. Tenho velhos livros e revistas de ficção científica que olho de vez em quando. Talvez haja algo no espaço nos olhando. Não ficaria surpreso.


Roger Taylor , sobre Under Pressure :
É das melhores coisas que o Queen já fez e foi casual.
O David simplesmente nos visitou em nosso estúdio em Montreaux. Sempre e quando pudermos fazer isto e até surpreender a nós mesmos, continuaremos.

David Bowie, sobre Under Pressure : Eles foram a Montreaux e eu fui ao estúdio. Começamos uma daquelas inevitáveis jam sessions, que virou o esqueleto de uma música. Achei o tema bonito e o terminamos. Mais ou menos a metade saiu mas achei que poderia ter saído bem melhor. Foi daquelas coisas do momento, saiu tão rapidamente, foi coisa de 24 horas. Creio que fica melhor como demo. A letra, sobretudo, achei feia, mas a idéia é boa.


Freddie Mercury : Enquanto nos sentirmos realizados e descobrirmos coisas novas, como as turnês na América do Sul e, agora, a possibilidade de fazermos o Oriente, estaremos felizes e continuaremos.

Brian May : Estou num paradoxo. Quis fazer um disco sobre eles, mas o grupo me disse que eu era um pretensioso. Eles tinham razão.

Roger Taylor, sobre a relutância de Freddie com a imprensa: O Freddie não fala mais pois está farto de ser mal interpretado, ele e o Queen. Acho que qualquer um que conhece o Freddie se surpreende. Ele não é a prima donna que se pensa. Obviamente, ele é um cara muito positivo, e nós também. Quando tudo está dito e feito, ele se esforça horrores para fazer um bom show.

Freddie Mercury : Toda pessoa que ganha muito dinheiro tem um sonho que gostaria de realizar e o meu foi a casa. sempre que via aquelas mansões hollywoodianas, cheias de luxo e pompa, queria aquilo para mim e agora tenho. Mas, para mim, era mais importante conseguir o diabo da coisa do que viver lá. Talvez o desafio esteja vencido. Eu sou muito disso - depois que consigo algo, já não dou muita bola. Amo a casa, claro, mas o divertido é tê-la conseguido. Algumas vezes quando estou sozinho à noite, me imagino com 50 anos chegando de mansinho na casa, no meu refúgio. Então, ela será a minha casa. De qualquer forma, por como são os impostos, eu só posso estar na Inglaterra 60 dias por ano.


Freddie Mercury
, sobre o público
: Gosto quando o público sai de um show do Queen totalmente extasiado, se sentindo bem. As músicas do Queen são puro escapismo, como um filme - depois de ouvi-las, podem dizer que estava ótimo e voltar para seus problemas. Não quero mudar o mundo com nossa música. Não há mensagens secretas nos temas, com exceção de alguns de Brian. Gosto de compor para me divertir, para consumo. O público pode descartar o que faço como se fosse lenço de papel usado. Você escuta, gosta, descarta, então vai a próxima. Pop descartável, sim.


Freddie Mercury
, sobre o ballet : Eu não sei como conseguem os bailarinos - os mesmos passos exatamente cada noite! Eu jamais conseguiria.


Freddie Mercury
, sobre o encontro com o Príncipe Andrew no Royal Ballet
: Eu estava usando um lenço branco e segurando um cálice de vinho quando fui a apresentado a ele. Mas estava tão nervoso que não me dei conta que o lenço estava com a ponta dentro do cálice. Lá estava eu tentando aparentar tranqüilidade quando o Príncipe disse "Freddie, acho que você não quer seu lenço molhado". Então, ele tirou a ponta do lenço do copo, torceu e isto quebrou o gelo entre nós. Eu disse, "Graças a Deus, agora que você me colocou à vontade, vou largar meu jargão costumeiro". Então nos finamos de rir. Ele entrou tanto no espírito da coisa que até dançou. Ele consegue ser bem "hip" nessas situações. Eu tenho muito respeito pela monarquia, sou um tremendo patriota.


Brian May, 1982: "Hot Space" é uma tentativa de fazer funk apropriadamente.
É um estilo de tocar em que você inicia e termina rapidamente,
daí o título "Hot Space".






Freddie Mercury
, sobre a Guerra das Malvinas: São os nossos jovens matando os jovens argentinos. Não há glória em se matar desta forma.


Roger Taylor
: Na Argentina estávamos em primeiro lugar quando a guerra estúpida estava acontecendo e passamos muito bem lá. Isto só pode ser para o bem, a música é totalmente internacional.


Freddie , sobre as gravações com Michael Jackson:
Eu gostaria de lançar qualquer coisa com Michael Jackson,
pois ele é uma pessoa maravilhosa para trabalhar.
É simplesmente uma questão de tempo já que não conseguimos estar juntos. Imagine só se tivesse estado em "Thriller". Imagine os royalties que deixei de faturar aí. Michael Jackson é nosso amigo há bastante tempo. Ele já foi a nosso shows e gostou muito. Juntos fazemos um grande time.

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